Uma equipe de cientistas americanos conseguiu através de manipulação genética que cabras produzam no seu leite seda de aranhas. Pesquisadores da Universidade Estadual de Utah transferiram o gene responsável pela produção da teia de aranha para um segmento de DNA que copia as mesmas sequências de controle de DNA na cabra.
A proteína do gene selecionado só é produzida no úbere do bovino quando produz leite, explicou o autor principal do estudo, o professor de genética Randy Lewis.
Ao obter o leite, é preciso separar e filtrar por um lado os glóbulos de gordura e, por outro, a proteína, depois concentra-a, passa-a por uma solução de sal e obtém uma proteína relativamente pura de seda de aranha que pode ser fiada.
Os cientistas introduziram o gene no leite de cabra para obter uma alta concentração desse material que é muito elástico e resistente.
Esta controversa investigação foi publicada em 2012.
As "cabras aranha", como foram chamadas aos animais, são exemplo de um novo campo controverso conhecido como biologia sintética, um termo amplo que inclui diversas formas de manipulação de ADN e, fundamentalmente, a introdução de novo material genético num organismo.
A seda de aranhas é entre três e quatro vezes mais forte que o Kevlar, o material usado em coletes à prova de bala, e é mais elástico que o nylon.
"Nós estudamos a seda das aranhas há mais de 20 anos, mas o problema é que as aranhas não podem ser colocadas em fazendas. Eles são animais canibais, comem-se uns aos outros e são muito territoriais e também produzem tipos diferentes de sedas", explicou Lewis à BBC Mundo.
Inicialmente, os especialistas de Utah tentaram introduzir o gene das aranhas em bactérias, o que funcionou bem no laboratório, mas não é uma opção ideal se você procura produzir quilos de seda em vez de gramas. Então, cabras foram usadas para tentar alcançar uma produção comercial.
Lewis e sua equipe vislumbram potenciais aplicações médicas para a seda. Como, por exemplo, substituir ou reparar tendões e ligamentos ou regenerar tecido ósseo ou suturas. Alguns estudos sugerem que ao entrar no corpo não causaria inchaço.
O material também poderia ser usado para a produção de airbags para veículos, equipamentos esportivos e cordas de paraquedas, entre muitas outras aplicações revolucionárias.